Cem Freio fecha SPFW com desfile-protesto pela diversidade: "Estamos falando de novas formas de espalhar beleza."

Por Michelle Kaloussieh

Victor Apolinário (Foto: Marcelo Soubhia (FOTOSITE))

Colunistas do UOL

A marca Cem Freio, do estilista Victor Apolinário, fechou o São Paulo Fashion Week com um desfile aberto para todos, em parceria com a Natura e com muita diversidade. O mote do desfile é "Toda Beleza Pode Ser".

No casting, pessoas de todos os jeitos, como na vida real: gordas, magras, deficientes físicos, negros, brancos e até pacientes curadas de câncer.

Apolinário contou ao blog que o processo todo foi "transformador de vidas. E não só a minha ou de quem está participando, mas também do mercado: conseguem ver agora uma forma de ter tudo que se deve ter em um desfile sem esquecer do mais importante, as pessoas. Foi um processo de imersão e auto conhecimento. Quase uma terapia em conjunto. A roupa e a próxima tendência não são a questão aqui. Não estamos falando sobre consumo. Estamos falando de novas formas de se entender, de se sentir bonito, e de espalhar beleza."

Em cada dia da semana de moda na bienal, entre segunda e quarta, rolou um rito de hasteamento de Apolinario, hackeando o espaço com os simbolos NSIBIDI – povo do sul da nigeria pré sec. 15 – a fim de resgatar e recriar o legado da cultura afrodescendente. Esses símbolos também estavam presentes nas maquiagens dos modelos.

Não é a primeira vez que o São Paulo Fashion Week é encerrado com um desfile-protesto. No ano passado e neste, Ronaldo Fraga colocou na passarela pessoas idosas, deficientes e trouxe questões políticas. Emicida e seu irmão Fióti também trazem representatividade em seus desfiles da Lab Fantasma.

Confira abaixo parte do casting de Apolinário, da Cem freio, e o que eles têm a dizer:

Monalisa Custódio de Oliveira " Modelos plus-size numa fashion week não é comum. É uma realização e eu tô representando toda brasileira fora do padrão!" (Foto: Michelle Kaloussieh)

Jup do Bairro: "Recebi o convite do próprio Apolinário. Tá sendo um grande aprendizado. Todas as pessoas envolvidas no projeto são muito diferentes uma das outras. Tô me sentindo plena, maravilhosa para entrar na passarela."  (Foto: Michelle Kaloussieh)

Lay, rapper: " Primeira vez que eu desfilo. Progresso para todos nós. Além de colocar pretos para desfilar, colocar corpos. Estou muito ansiosa." (Foto: Michelle Kaloussieh)

Cirlene Maria dos Santos "Sou colaboradora da Natura. E fiquei muito feliz, mais ainda quando conheci as outras pessoas envolvidas. Sou cadeirante desde que nasci. Existe preconceito, mas minha família é tão maravilhosa que nem ligo."  (Foto: Michelle Kaloussieh)

Cris Paladino, modelo: "Representatividade dos negros. Estamos tomando nosso espaço. Isso é muito importante."  (Foto: Michelle Kaloussieh)

Camila Guimarães: "São pessoas que jamais se imaginariam de modelo, de protagonista de um desfile. Eu tenho 26 anos e ano passado fui diagnosticada com câncer. Usei a internet como apoio e isso me ajudou muito."  (Foto: Michelle Kaloussieh)

Camlia Guimarães e Cris Paladino  (Foto: Michelle Kaloussieh)