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Vídeo Show: os bastidores da atração que durou 35 anos na Globo

Da Redação

08/01/2019 19h37

 

Sophia Abraão e Joaquim Lopes, os atuais apresentadores do vespertino | Reprodução Instagram

 

Por Bruno Meier

A Globo anunciou no meio da tarde desta terça-feira (8) o fim de um dos programas mais longevos de sua história – o "Vídeo Show". Sem dar detalhes, o comunicado apresentou as novidades do canal para janeiro e anunciou que o"Vídeo Show" vai deixar de ser exibido. O programa vai ao ar pela última vez nesta sexta-feira (11). A partir da próxima segunda-feira (14), a "Sessão da Tarde" passa a ir ao ar às 14h.

Lançado em 1983, o "Vídeo Show" nasceu com uma fórmula vencedora: um show de produção relativamente barato, cuja finalidade central era levantar a bola das demais atrações da emissora e lisonjear seus profissionais (a julgar pela permanente rasgação de seda das reportagens, os bastidores da TV são todos povoados por modelos de simpatia e humildade, desprovidos de qualquer laivo narcisista). No início, trazia apenas imagens dos arquivos da Globo, trechos de shows e filmes. Era comum relembrar programas que marcaram a memória do telespectador, mesmo não sendo da emissora. Em 1985, o Vídeo Show acompanhou uma gravação da novela A Gata Comeu. Foi sua primeira reportagem de bastidor com os making offs, incluindo os erros de gravação, que se transformaria no quadro "Falha Nossa", uma das marcas do programa em sua trajetória.

O "Vídeo Show", durante anos, manteve uma liderança tranquila, mas não acachapante, no início da tarde. Em 2011, por exemplo, tinha uma média de 11 pontos na Grande São Paulo. Os concorrentes mais próximos – o "Balanço Geral" na Record e o indefectível "Chaves" no SBT – alcançavam 7 pontos cada um. O formato barato e chapa-branca fazia com que outras emissoras planejassem programas similares: SBT e Record, inclusive, já tentaram (sem sucesso) produzir.

No entanto, a liderança foi ameaçada nos últimos anos. Uma série de mudanças na tentativa de salvar a atração vespertina foi feita, com troca de diretores e apresentadores, mas sem grandes resultados. A vitrine das novelas e programas da casa era constantemente ameaçada pelo programa "Balanço Geral", da Record, e seu quadro de celebridades chamado "Hora da Venenosa". Em alguns momentos, o programa ficava em terceiro lugar, atrás também do SBT.

Os "Espalha Rodinhas" da Globo: bastidores do programa

Nem sempre foi fácil produzir o "Vídeo Show", até mesmo quando estava em seu auge. A luta começa pela principal matéria-prima da atração – os próprios artistas da casa: muitos rejeitavam o programa. Era comum ver a seguinte cena nos corredores da Globo: produtores do programa circulando pelas cidades cenográficas e pela praça de alimentação do Projac (até faziam plantão na entrada dos estúdios) à caça de atores e os atores fugindo desse assédio. Foi, assim, que seus repórteres e produtores converteram-se em uma espécie de 'espalha-rodinhas': onde eles apareciam, os astros se dispersavam. Se muitos o consideravam "cansativos" (por fazer plantão de até cinco horas para um depoimento no estúdio), os profissionais do programa retrucam: "Se não damos plantão na porta do estúdio, não temos programa para pôr no ar".

A equipe do programa, portanto, sempre esteve acostumada a ouvir as negativas dos atores e apresentadores, com desculpas que incluem a trivial dor de cabeça, as olheiras e a complexidade dos trabalhos do dia ("Estou enrolado com uma cena" é a frase típica). Têm ainda de lidar com um complicador: uma norma da Globo proíbe que se entrevistem atores com o figurino de seus personagens, para não confundir os espectadores. A dificuldade na abordagem aumenta conforme o cacife dos atores. Muitos do primeiro time são considerados difíceis. Os mais jovens, ao contrário, costumam se mostrar ansiosos para aparecer mais. A equipe do programa deu um apelido carinhoso ao elenco novato de "Malhação": é a galera do "alô, topei".

"Nosso trabalho exige cuidado e paciência para lidar com tanto ego", diz uma produtora do programa. Mas há compensações. Mesmo os atores mais reticentes se mostram quase sempre disponíveis para quadros que promovem suas ações, como peças teatrais. Nesse caso, nem é necessário correr atrás de ninguém: sugestões chegam a todo momento.

"Só amor e gratidão por este programa que ficou no ar por mais de trinta anos. Fui muito feliz ali, agradeço ao Boni a oportunidade de ter me deixado capitanear o show por quinze anos", admitiu Miguel Falabella, uma das maiores marcas do programa, sobre a primeira passagem na atração de 1987 a 2001."Foi um prazer e uma honra ter vivido o que vivi nesse programa. Não sei de audiências, de mudanças, disso ou daquilo. Sei das relações que ali eu criei, da família que fomos um dia, numa casa atrás de tudo, no Teatro Fênix. Mas não choro seu fim. Há uma única constância no universo: a mudança. Vamos em frente! Obrigado, sempre!", escreveu o ator em sua rede social.

Sobre o autor

Amaury Jr. é jornalista e apresentador de TV. É o mais conhecido colunista social do Brasil e considerado o criador do colunismo social eletrônico no país, onde mantém um programa de TV há 39 anos ininterruptos.

Sobre o blog

O blog traz notícias, bastidores e informações exclusivas sobre quem é assunto no showbiz, na cultura, na política, nos negócios e em todas as rodas sociais.

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