Gloria Kalil fala sobre etiqueta na atualidade: “Em tempos de crise e desemprego, é ainda mais importante"
natantunes
10/07/2017 18h24
A consultora de moda está de volta com o seu mais novo lançamento, "Chic Profissional" (Foto: Divulgação)
Por Natália Antunes
"Em tempos de crise e desemprego, falar sobre etiqueta é ainda mais importante. Com seleções mais duras e com um número de candidatos maiores, a forma como uma pessoa se veste, fala e até come pode ser um diferencial." O conselho da jornalista, empresária e consultora de moda Gloria Kalil faz parte de seu mais novo livro, "Chic Profissional", lançado este ano pela editora Paralela.
Em exclusividade para o Blog do Amaury Jr., a autora de cinco best-sellers revela os segredos para conquistar a tão sonhada vaga no mercado de trabalho, e ainda dá um pitaco no seu guarda-roupa. Confira:
Blog do Amaury Jr.: Durante a pesquisa para o livro, você checou o contraste da etiqueta profissional entre o mundo ocidental e oriental. Qual o comportamento específico do brasileiro?
Gloria Kalil: O Brasil segue a grande regra do mundo ocidental, mas nós, brasileiros, temos algumas características que, no livro, eu chamo de "As brasileirices". Nós somos muito flexíveis com pontualidade, detestamos ouvir e falar "não", temos muita dificuldade em sermos incisivos e detestamos ser criticados. A gente tem mania de banho, coisa que estrangeiro estranha muito. Em "Chic Profissional", eu reforço a necessidade de entender e conhecer as outras culturas. O fato de a gente ter aprendido um determinado jeito não quer dizer que seja o único, nem o melhor, é apenas um deles.
Blog do Amaury Jr.: O comportamento profissional está em constante mudança desde a chegada de temas como feminismo e orgulho LGBT no ambiente corporativo. O que já podemos notar de diferente quando o assunto é etiqueta?
Gloria Kalil: Não é bem na etiqueta, altera o comportamento em todas as áreas. No trabalho, há uma grande reivindicação por parte de todas essas categorias supostamente minoritárias para que as mulheres tenham as mesmas oportunidades e possibilidades de subir na carreira, para que não haja discriminação pela questão de gênero e/ou raça. Todos esses temas estão absolutamente acesos e precisam ser discutidos.
Blog do Amaury Jr.: Com o "boom" das redes sociais, o comportamento do candidato em seus perfis na internet influencia nas seleções de emprego. Como é possível manter a etiqueta no meio online?
Gloria Kalil: A rede social é um espetacular instrumento para uma pessoa se aproximar e perder trabalhos, tudo depende da maneira que você usa a internet. Uma das coisas que eu sempre digo é que, embora a intimidade ou a privacidade não seja um valor em alta hoje em dia, você tem que lembrar que o que quer que você ponha em qualquer canto da internet vai ficar lá pra sempre e vai ser olhado por quem quiser. Preste atenção, porque é uma informação que você está dando de você para o mundo e para sempre.
Em seu novo livro, a jornalista analisa o comportamento e a etiqueta no ambiente profissional (Foto: Divulgação)
Blog do Amaury Jr.: E o que segue engessado? Quais tradições mantêm os mesmos valores no ambiente de trabalho?
Gloria Kalil: Hoje em dia muitas empresas falam que não ligam para dress code, que o que importa é o desempenho. Não é verdade! As empresas hoje têm muito pudor em dizer "eu quero que as pessoas se vistam desse jeito", mas na hora da seleção elas vão pro lado dos candidatos que compreendem a natureza do negócio e se vestem de acordo. Todas as categorias de roupa e de emprego têm pequenas exigências. Se você for trabalhar de terno e gravata numa start up, você vai ser tão discriminado quanto se for de bermuda pro Fórum.
Blog do Amaury Jr.: Da época em que escreveu "Alô, Chics!", em 2007, até agora, você diz ter surgido outra categoria de roupas: o superinformal. Quais peças compõem esse closet?
Gloria Kalil: Aí não tem mais regra. Tirando o formal, que ainda tem algumas convenções, tanto o informal quanto o superinformal depende da categoria do trabalho e do que os outros estão vestindo. Esse novo dress code acaba abrangendo ambientes que vão além do escritório, como o home office, e, como bem sabemos, trabalhar em casa pode ser até de pijama, se quiser.
Blog do Amaury Jr.: Cada vez mais empresas têm oferecido eventos como "casual day" a pedido de seus funcionários. Como essas "datas especiais" se refletem no ambiente profissional?
Gloria Kalil: A criação de eventos mais casuais no calendário das empresas refletiu diretamente na aparência dos seus funcionários. Atualmente, "pega bem" ter nos seu quadro pessoas mais jovens, com piercing, tatuagem e cortes de cabelo que antigamente eram impensáveis. De certa forma, o universo corporativo está admitindo que o mundo está andando na direção do informal. Estamos diante de um novo tempo, de uma nova era digital, que a gente não sabe para onde vai nos levar. Precisamos ter em mente que ainda existem alguns códigos e é bom conhecê-los, até mesmo para poder transgredir.
Blog do Amaury Jr.: Para finalizar: quando o assunto é etiqueta, o que não se pode fazer de jeito nenhum?
Gloria Kalil: A única coisa que eu acho que a gente não pode fazer, nem no trabalho, nem em lugar nenhum, é não levar o outro em consideração. Esse "outro" pode ser a pessoa com quem você está dialogando, a empresa onde você está trabalhando ou quer trabalhar. Sempre tire o olho do próprio umbigo e veja como é o ambiente que você vai querer frequentar, como são aquelas pessoas e como você vai se relacionar com elas, o que não pode esquecer é que o outro existe.
Confira a íntegra da entrevista:
Sobre o autor
Amaury Jr. é jornalista e apresentador de TV. É o mais conhecido colunista social do Brasil e considerado o criador do colunismo social eletrônico no país, onde mantém um programa de TV há 39 anos ininterruptos.
Sobre o blog
O blog traz notícias, bastidores e informações exclusivas sobre quem é assunto no showbiz, na cultura, na política, nos negócios e em todas as rodas sociais.
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