Moraes Moreira morre aos 72 anos
O Brasil acordou com uma notícia triste. O Novo Baiano, Moraes Moreira, foi encontrado morto no seu apartamento, na manhã desta segunda-feira, na Gávea, bairro nobre do Rio de Janeiro.
Atualmente, morava sozinho. Seu corpo foi encontrado pela sua empregada. Familiares disseram que ele foi vítima de infarto.
A sanfona de doze baixos foi o primeiro instrumento que o cantor e compositor iniciou tocando em festas de São João e outros eventos de Ituaçu. O violão veio na adolescência, aprendizado que tinha em paralelo ao curso de ciências em Caculé, na região sudeste da Bahia.
Ao se mudar para Salvador conheceu Tom Zé e teve mais contato com o rock n' roll. Mais tarde, foi a vez de Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão entrarem na sua vida, formando o conhecido Novos Baianos, banda que ficou junta de 1969 a 1975.
Depois a carreira solo pediu licença. Seu legado deixa mais de 60 discos lançados entre carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar, além da parceria com o guitarrista Pepeu Gomes.
Moradores da Gávea já deixam suas várias homenagens em grupo fechado de rede social, lembrando seus encontros na padaria do bairro, suas andanças com a cachorrinha que tinha, sua simpatia e simplicidade. Muitos foram às suas janelas com músicas do cantor e aplausos ao famoso e querido vizinho.
No seu último post, no Instagram, dia 18 de março, ele postou sobre a quarentena e compartilhou uma composição sobre o Coronavírus:
" Oi pessoal estou aqui na Gávea entre minha casa e escritório que ficam próximos,cumprindo minha quarentena,tocando e escrevendo sem parar. Este Cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês .Boa sorte
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem.idade"
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