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Dr. Jou Eel Jia - A medicina preventiva

Da Redação

29/12/2022 08h09

Por Dr. Jou Eel Jia.

Formado em medicina ocidental e membro da Academia Chinesa no Brasil.

Dr. Jou Eel Jia.

A medicina tradicional chinesa é uma medicina preventiva, que trata o paciente antes de surgirem as doenças. Ela busca a raiz da enfermidade e ajuda a mudar os hábitos de vida do paciente, cuida da sua alimentação, recomenda a prática de exercícios saudáveis, tudo isso para evitar o adoecimento. Com isso a medicina ocidental está totalmente de acordo. Entretanto, a medicina holística vai muito além, ela considera que a verdadeira prevenção é a busca pelo equilíbrio para que a pessoa esteja totalmente saudável. O indivíduo equilibrado está tão preparado, tão saudável, tão fortalecido que não fica vulnerável às agressões externas e tem energia para vencer e eliminar os vírus que invadem seu organismo, ele tem energia de sobra para eliminar as toxinas que ingere. A pessoa é tão saudável que, mesmo vivendo em meio a tanta poluição presente nas metrópoles, consegue se manter equilibrada para não adoecer nem alterar sua fisiologia. Esse é o ideal da medicina holística e era essa a razão pela qual antigamente os sábios iam para o alto das montanhas meditar – e alguns ainda vão nos dias de hoje. Em grandes altitudes, desenvolve-se mais hemoglobina no sangue, mais energia, e o pulmão adquire uma melhor oxigenação. Quando se desce a montanha, o limiar de tolerância para se viver bem mesmo em ambientes poluídos está mais alto e a resistência física e mental está melhor. Há pessoas que, de tempos em tempos, retiram-se para fazer uma desintoxicação. O conceito é que nesses indivíduos desenvolve-se um complexo sistema de autopreservação que funciona como uma proteção que lhes permite viver com saúde no meio poluído.

Desde os primórdios da civilização oriental, há mais de cinco mil anos, já se dizia que era necessário desintoxicar periodicamente os rins, que são o filtro do corpo humano. Nesse período faz-se uma dieta para limpar o organismo ou recorre-se a algumas ervas na forma de chás, chamadas de "depurativo do sangue", usadas tanto para fortalecer o organismo como para limpá-lo de substâncias cuja existência hoje a ciência reconhece e denomina radicais livres. Por exemplo, a poluição provoca a formação de sulfatos no nosso organismo, que desidratam nossas células e nos fazem envelhecer mais rápido. O monóxido de carbono emitido pelos motores dos automóveis causa problemas respiratórios e envelhecimento precoce. Temos uma lista de radicais livres conhecidos.

Os próprios raios ultravioleta atuam na formação de radicais livres. Por esse motivo foram desenvolvidos os protetores solares, para combater as queimaduras e o envelhecimento resultantes da desidratação da pele. Sabe-se hoje que o nosso DNA se renova e, à medida que isso acontece, vão sendo liberados o que chamamos de "talômeros", que formam os radicais livres, que causam o envelhecimento e nos deixam mais vulneráveis.

Os antigos chineses já conheciam esse processo, e por isso tomavam chá de ginkgo biloba, que conta com uma substância chamada ginkgobilobina – é claro que eles não a conheciam por este nome! – que elimina radicais livres do organismo, evitando o processo de envelhecimento, limpa o sangue e melhora a oxigenação. Hoje a ciência comprovou sua eficácia, mas a princípio a ginkgo foi pesquisada para tratar o infarto do miocárdio e o derrame. Uma vez que durante a experiência descobriu-se que os voluntários que sofriam de labirintite haviam sido curados, os estudos clínicos foram então direcionados para esse campo, e hoje a ginkgo é utilizada no tratamento da labirintite. Assim como o chá de gingko, também existem, na medicina das plantas, vários outros tipos de chás para limpeza e fortalecimento do organismo.

A medicina química de certo modo atropelou a medicina preventiva, e com isso o conceito de prevenção acabou em segundo plano, sendo na verdade quase eliminado. Mas não podemos deixar de reconhecer que a medicina química tem um papel importante, que é o de aliviar rapidamente a dor do sofrimento, o incômodo e o desprazer. Também não podemos deixar de registrar que esse alívio tem uma consequência chamada iatrogenia que, como já dissemos, é a ocorrência de doenças devido ao uso de medicamentos e seus efeitos colaterais. A droga alivia uma dor hoje, mas paga-se um preço por isso no futuro. Por exemplo, um remédio contra gastrite alivia a dor em 24 horas, mas, dependendo do tempo e da dosagem administrada, pode causar um cálculo renal, provocar alterações químicas no sangue e aumentar a vulnerabilidade para outras doenças. Verificam-se ocorrências semelhantes com outros tipos de medicamentos como antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos ou drogas psicotrópicas. Se alguém está com depressão e toma um remédio para aliviar seu sofrimento, isso pode no futuro causar a doença de Alzheimer.

Um estudo mostrou que todas as pessoas com Alzheimer em algum momento tomaram drogas psicoativas, mas que nem todos que tomaram essas drogas necessariamente tiveram Alzheimer. Esse resultado pode indicar com bastante ênfase que as drogas psicoativas são um dos causadores da enfermidade, mas também mostra que tudo depende da genética de cada pessoa, pois um desenvolve a doença e outro não. O fato é que devemos estar sempre atentos.

Sobre o autor

Amaury Jr. é jornalista e apresentador de TV. É o mais conhecido colunista social do Brasil e considerado o criador do colunismo social eletrônico no país, onde mantém um programa de TV há 39 anos ininterruptos.

Sobre o blog

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